quarta-feira, 1 de julho de 2015


VOLUSPA JARPA

(Rancagua, Chile 1971)

A obra de Voluspa Jarpa questiona as representações da história em diversos sistemas da imagem, como nos meios de comunicação ou na arte. “Histórias de aprendizagem” exposta na 31ª Bienal de São Paulo (2014) é uma instalação labiríntica e irregular composta, de um lado, por arquivos da CIA sobre a ditadura brasileira (1964-1985) revelados há alguns anos pelo governo dos Estados Unidos e, de outro, por documentos dos serviços secretos brasileiros produzidos durante os mandatos dos presidentes Getúlio Vargas (1951-1954) e João Goulart (1961-1964).
Deste último, ela inclui também registros sobre o exílio no Uruguai e o suposto assassinato na Argentina, em 1976, investigado como parte do plano coordenado entre as ditaduras do Cone Sul conhecido como Operação Condor.
A seguir foto da obra “História de Apredizagem” (2014), exposta na 31º Bienal de São Paulo:
 
Para Jarpa, é sintomático o fato de que, antes da liberação desses documentos ao acesso público, em todos eles haja trechos que foram riscados. Isso pode ser interpretado como o comportamento histérico que, na psicanálise freudiana, designa a impossibilidade de lidar com o trauma. Para Sigmund Freud, o trauma é um relato arquivado e negado, e o sintoma, um arquivo cifrado. Aos riscos dos documentos originais, a artista soma a estrutura da instalação, que impede que o espectador tenha acesso aos documentos que estão diante dele, podendo apenas vislumbrar os que estão em segundo e terceiro planos. Dessa maneira, experimenta-se uma possibilidade como impossibilidade, o que remete a uma promessa de revelação que, na verdade, se concretiza como repressão.
Jarpa realizou várias obras a partir de arquivos sobre o Chile e outros países latino-americanos revelados pelos Estados Unidos. Em todos os casos, analisa o que foi apagado e chama a atenção para a imagem resultante do documento que sofreu intervenção: uma imagem que expressa tanto a construção de visibilidades quanto a potência poética e política dos usos do arquivo, e que cria sombras no presente. – SGN
A seguir obras intituladas “Biblioteca de la No-Historia”, realizadas no ano de 2010:


Fontes:
http://www.31bienal.org.br/pt/post/1568
https://www.artnexus.com/Notice_View.aspx?DocumentID=24015
http://www.kunstkritikk.no/kritikk/after-the-white-cube/

Postado por Marcos Tiburcio
Aluno de Teoria Crítica e História da Arte
Universidade de Brasília

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